A Bola e o Trabalho em Equipe
Não. Não é o Wilson… Até parece, só que um pouco mais queimado de sol, né? Mas não é amigo fictício que Tom Hanks fez na ilha, quando estrelou o filme “Náufrago” em 2001.
No entanto, esta bola tem uma história bastante interessante e, particularmente, muito importante para mim. Na verdade, duplamente importante. Esta bola, por incrível que pareça já tem 10 anos: já está bem usada, mas ainda dá para jogar muito bem. Até ela começar a ser utilizada efetivamente para o vôlei, o que começou a ocorrer há uns 3 anos atrás apenas, ela estava guardada como recordação de um período maravilhoso que eu tive o prazer de vivenciar. O mais incrível é que, nestes 7 anos anteriores em que a bola não foi usada, ela manteve-se cheia. Inacreditável para mim. Mas soava como um sinal de “use-me”!
Bem, deixando a qualidade da bola de lado, deixe-me contar, então, um pouco mais desta história.
Durante a minha carreira, já passei algumas vezes por grandes processos de mudanças. Em 2008, estava acontecendo mais um e talvez um dos maiores que tenha vivido: estávamos reestruturando o departamento de Tecnologia da empresa onde atuava. Foi uma mudança completa: criação de novas gerências, novas coordenações, uma nova governança e, principalmente, um novo processo interno de atendimento às áreas clientes e a organização estrutural das equipes, fazendo com elas não estivessem mais orientadas por departamentos-clientes, mas por competências. Assim, um time que antes atendia o Financeiro da empresa, por exemplo, era responsável por seu atendimento completo e isso foi mudado para que cada equipe investisse em competências específicas e este atendimento fosse direcionado para a equipe de Tecnologia mais indicada para a solução.
Isso fazia com que os times tivessem que trabalhar de forma colaborativa para o melhor atendimento aos nossos clientes. Era necessária uma ótima coordenação para que o fluxo de trabalho funcionasse corretamente, com o atendimento do primeiro nível, que poderia acionar um segundo nível e, eventualmente um terceiro nível até: todos formados por equipes distintas, com competências distintas e graus de especialização diferentes. Essa fluidez precisava acontecer de forma natural e sem burocracias. Então, houve um grande trabalho para organizar este novo processo e preparar as equipes para que os nossos clientes pudessem ser bem-atendidos e percebessem um maior valor entregue.
Voltando à bola…
Antes de irmos para o “jogo” para valer e apresentar este novo fluxo de trabalho aos nossos clientes, fizemos um workshop interno para engajar todo mundo nesta difícil transição, e usamos a bola de vôlei para representar, de forma lúdica, a colaboração das equipes, uma vez que seria necessária a “passagem de bola” de uma equipe para outra para garantir o atendimento final. E esta “bola” não deveria ser uma “batata quente” ou o “famoso” “se vira aí” de um time para o outro. Tinha que ser uma passagem de “bola redondinha”, como um time de vôlei bem azeitado que faz a jogada fluir para marcar o ponto do outro lado. Não adianta nada, um super jogador fazer muito bem a sua parte se a bola não chegar na quadra adversária. Então, para isso, era necessário um trabalho cuidadoso e colaborativo para garantir esta fluência.
A bola usada nesta “brincadeira” foi exatamente esta da imagem acima. Ao final do nosso trabalho, todos os membros da equipe assinaram as bolas, representando cada uma das 3 gerências envolvidas no processo. Eu guardei esta com muito carinho. Formávamos uma grande equipe e fizemos um ótimo trabalho juntos. Desculpem-me se pareço prepotente ao afirmar isso, mas realmente montamos um excelente time, tínhamos um ótimo ambiente de trabalho e fizemos as coisas fluírem e acontecerem. Então, orgulho-me muito de ter feito parte daquela equipe e ter compartilhado com os meus colegas momentos muito especiais. Éramos felizes!
E esta bola estava guardada comigo este tempo todo e, sempre que a olhava, ela me remetia para aqueles bons e velhos tempos de muitos amigos e muita colaboração. Mas as assinaturas todas desbotaram e não era mais possível identificar nenhum nome. Então, ela já não era mais aquela bola, símbolo de uma época tão especial. Aquela já estava guardada em meu coração.
Meu filho, de 10 anos na época, começou a se encantar pelo vôlei. Como a bola nunca murchou (e isso é incrível!), naquele tempo todo de quase 7 anos, tomei como um sinal. Era o momento de uma nova fase: a mesma bola ensinando a um garoto do que se trata um esporte maravilhoso onde o trabalho em equipe é imprescindível. Então, não tive dúvidas. Tirei a bola da estante e fui treinar com ele. Agora, com 13 anos, ele faz escolinha e já joga bem, entendendo perfeitamente o espírito deste jogo coletivo.